Resumo

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A INTERLINGUA DOS APRENDIZES BRASILEIROS DE LINGUA JAPONESA COMO LE, COM ENFOQUE NO USO DAS PARTICULAS WA E GA

YUKI MUKAI

Orientador(a): Elza Taeko Doi

Doutorado em Linguística Aplicada - 2009

Nro. chamada: T/UNICAMP - M896i


Resumo:
Esta pesquisa envolve a análise da interlíngua referente ao uso real das partículas gramaticais wa e ga na produção de textos escritos pelos alunos de língua japonesa como LE. Elegeram-se essas partículas, pois se observou que a maioria dos alunos tinha dificuldades em utilizar corretamente a partícula wa, marcadora de tópico, trocando-a comumente pela partícula ga, de caso nominativo, ou vice-versa. O principal objetivo desta pesquisa é, então, o de identificar e sistematizar o uso dessas partículas utilizadas pelos alunos, e verificar as tendências na aprendizagem das mesmas, além das hipóteses levantadas por eles, concernentes a esse uso, como estratégias de aprendizagem e de comunicação. Para isso, adotou-se a abordagem dos Estudos da Aquisição-Aprendizagem de LE/L2, envolvendo a Análise de Erros. No entanto, diferentemente do que propõe essa abordagem em termos estritos, realizou-se a análise tanto de "erros" quanto de "acertos", para se poder compreender melhor o processo de aprendizagem e a competência (extra-) linguística dos alunos num dado momento de aprendizagem. Como procedimento de análise, adotaram-se os métodos quantitativo e qualitativo. Na análise quantitativa, verificou-se que os alunos tendem a atribuir, de maneira geral, apenas uma função a cada partícula, ou seja, trata-se do processo de simplificação das regras gramaticais. Verificou-se, também, que os alunos do nível básico consideraram ga como marcadora de sujeito gramatical, enquanto que os alunos do nível intermediário apreenderam ga como marcadora de objeto. Essa atribuição de diferentes funções à partícula ga é uma das provas de que a interlíngua é flexível, dinâmica e se encontra em processo de transformação no qual os aprendizes levantam hipóteses sobre as regras gramaticais, socioculturais, pragmáticas da língua-alvo, testando-as, reformando-as, e negociando o sentido. Revelou-se, também, que, de modo geral, eles utilizam wa e ga adequadamente no nível da frase. Por outro lado, os resultados da análise qualitativa, realizada à luz da dimensão do texto, desvendaram que eles não levaram em consideração a gramática do texto/discurso, preocupando-se simplesmente com a natureza sintática e morfológica do sintagma acoplado por wa ou ga. Uma vez que a escolha entre wa e ga depende, também, do fluxo do texto/discurso e da intenção do emissor, ga já não se limita apenas como "partícula de caso", mas é também discursiva e pragmaticamente utilizada para expressar efeitos significativos no texto/discurso, tal como wa. Ou seja, wa e ga são as "partículas de negociação discursivo-pragmática" na comunicação. Portanto, dos professores, espera-se uma reavaliação da partícula ga, definida nas gramáticas do japonês como mera indicadora de caso. No ensino-aprendizagem de LE/L2, além da gramática da língua proposta pelos teóricos, o conhecimento da "gramática da interlíngua" torna-se imprescindível, pois é esta última que se configura como alicerce da gramática pedagógica voltada aos aprendizes não-nativos. Sem consciência, não ocorre a aquisição, ou seja, o papel dos professores deve ser considerado como "desestabilizador" e "conscientizador" no ensino de LE/L2.

Palavras-chave: Interlingua (Aprendizagem de línguas); Teoria dos erros; Língua japonesa – Estudo e ensino; Língua japonesa - Gramática; Língua japonesa – Partículas.

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