Resumo: Ao declarar que “Brasileiro tem o preconceito de não ter preconceito”, Florestan Fernandes sintetiza a idéia de que a ideologia da chamada democracia racial recobre a realidade das relações sociais no Brasil: esta pesquisa irá, pois, tendo em vista o contexto histórico-social no qual se principiou o debate acerca da questão da identidade nacional, verificar se as teorias raciológicas, deterministas e positivistas desenvolvidas naquele momento ainda são colocadas em circulação na sociedade nacional. O objeto de análise são as “Políticas de Ação Afirmativa” que defendem a adoção de cotas para “negros” em universidades públicas. O corpus é constituído de artigos da seção “Tendências e Debates” da Folha de São Paulo sobre esse assunto, publicados entre os anos de 2001 e 2006. O quadro teórico e epistemológico no qual embaso minha pesquisa é o da Análise do Discurso. A pesquisa visa compreender de que modo o “negro” é significado nas referidas Políticas de Ação Afirmativa, afetando o lugar historicamente ocupado no conjunto da sociedade nacional e promovendo novas formas de civilidade. Pretendo com isso contribuir com as discussões do Projeto Temático CAeL (Processo Fapesp No. 2004/07734-0), mostrando de que modo certos mecanismos de segregação continuam vigentes nas discussões sobre a “democracia racial” e as políticas públicas formuladas para promovê-la.
Palavras-chave: Análise de discurso; Democracia racial; Políticas públicas de ação afirmativa; Brasil - Relações raciais; Identidade nacional.