Resumo

Versão para impressão
AS REPRESENTAÇÕES DOS TAPIRAPE SOBRE SUA ESCOLA E AS LINGUAS FALADAS NA ALDEIA: IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

MARIA GORETE NETO

Orientador(a): Marilda do Couto Cavalcanti

Doutorado em Linguística Aplicada - 2009

Nro. chamada: T/UNICAMP - G669R


Resumo:
Esta tese busca construir interpretações para as representações dos professores e líderes do povo Tapirapé, que vive no Mato Grosso, a respeito de sua escola e sobre as línguas, Tapirapé e portuguesa, faladas na aldeia. A escola Tapirapé tem sido considerada uma escola bilíngüe de sucesso (cf. Ferreira, 2000/2001) uma vez que tem conseguido ensinar tanto a língua indígena como a língua portuguesa e uma vez que obedece a alguns princípios que vêm sendo apontados como essenciais na construção de uma escola indígena (cf. RCNEI, 1998) quais sejam: o currículo considera a realidade e a cultura indígena; a língua de instrução é a língua Tapirapé; os professores e demais funcionários da escola são Tapirapé; há participação efetiva da comunidade nos assuntos referentes à escola. Entretanto, apesar dessas características, os Tapirapé têm argumentado que a sua escola tem mudado o modo de vida Tapirapé e isto inclui tanto aspectos da vida diária Tapirapé como também a língua Tapirapé e a educação indígena. Com o intuito de compreender esses questionamentos e contribuir na discussão, norteia este trabalho a seguinte pergunta de pesquisa: “Que representações são construídas pelos Tapirapé sobre: a) as línguas Tapirapé e portuguesa faladas na aldeia? b) a escola?”. Os registros analisados foram gerados etnograficamente (Erickson, 1984, 1989; Cavalcanti, 2000; Mason, 1997; Emerson e outros, 1995; Ely e outros, 1991) e o corpus investigado é composto de entrevistas – foco principal da análise - com lideranças e professores Tapirapé, diários e notas de campo, memos e vinhetas narrativas. Embasam a análise os conceitos de representações, hibridismo e a relação dos mesmos com culturas(s), língua(gem) e identidades. Tais conceitos são discutidos a partir de aportes dos Estudos Culturais (Said, 1978/2007; Hall, 1997; 1997a; Bhabha, 1994/2003; Woodward, 2000; Da Silva, 2000), da Antropologia (Tassinari, 1995/1998; Thomaz, 1995/1998), da Sociologia (Cuche, 1999/2002; De Certeau, 1994/2002) e da Lingüística Aplicada (Cavalcanti, M. 1986; 1999; 2000; 2004; 2006; César e Cavalcanti, 2007; Fabrício, 2006; Maher, 1996; 2006; 2007; Moita Lopes, 1996/2002; 2006), dentre outros. Observa-se que a construção de significados para a escola e as línguas portuguesa e Tapirapé enseja representações e identidades antagônicas. Compreender tais contradições como parte desse processo de construção abre brechas a que representações e identidades cristalizadas sejam desestabilizadas, possibilitando construir novos significados tanto para a escola bem como para as línguas Tapirapé e portuguesa. Espera-se que os resultados da análise possam subsidiar reflexões feitas em contextos de formação de professores indígenas sobre escola e ensino de línguas nas aldeias.

Palavras-chave: Representações; Hibridismo; Escolas indígenas; Língua tapirapé; Língua portuguesa.

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
CEP 13083-859

...

IEL - Based on Education theme - Drupal Theme
Original Design by WeebPal.