Resumo

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ATENIENSES E FLUMINENSES: A INVENÇÃO DO CANONE NACIONAL

RICARDO ANDRE FERREIRA MARTINS

Orientador(a): Francisco Foot Hardman

Doutorado em Teoria e História Literária - 2009

Nro. chamada: T/UNICAMP - M366A


Resumo:
ESTE TRABALHO tem por objetivo o estudo da formação do cânone dentro do campo literário brasileiro durante o século 19 e sua vinculação política ao projeto de literatura nacional, considerando a literatura como a manifestação mais visível e sintomática de um verdadeiro discurso da nacionalidade entre os primeiros escritores românticos oitocentistas (maranhenses e fluminenses), igualmente no sentido de chegarmos a identificar a própria invenção do cânone literário brasileiro. É nossa intenção apontar as manifestações de nativismo e nacionalidade que perpassou boa parte da literatura do oitocentos, analisando como se porta o campo literário como epifenômeno do campo do poder. Embora tais manifestações ocorram mais em determinados tipos de intelectuais e literatos, pois os grupos citados apresentam traços distintos, ao longo de toda a produção literária brasileira do século 19 podemos contemplar o fio que vai dos primeiros escritos gerados pelos respectivos "grupos" em questão até o
fim do oitocentos, quando se encerra, por assim dizer, o período ateniense da literatura maranhense e conclui-se, da mesma maneira, o raio de influência do nacionalismo do grupo fluminense. O presente texto visa, portanto, produzir uma nova descrição do processo de construção da nacionalidade e da civilização, bem como da "construção da ordem", em seus diversos níveis e aspectos sócio-históricos, utilizando o estudo do cânone e de sua gênese como instrumento para detectar a historicidade da formação de nossa história literária, seus processos de seleção e exclusão e suas motivações de ordem ideológica e estrutura discursiva. Deste modo, adotamos também, em paralelo ao estudo das fontes documentais e literárias, o procedimento de uma análise das práticas sociais e artísticas do campo literário durante o oitocentos, tomando por base a visão que o campo literário e o campo do poder (político e econômico) tinham da nacionalidade recém-inventada e como reagiram diante das transformações políticas e sociais que agitaram a vida brasileira do período, cujos reflexos podem ser sintomaticamente percebidos através do cânone em formação. Desta forma, pretende-se suscitar uma discussão em torno do que o campo literário pensava do processo de emancipação do país e qual era o seu projeto de nacionalidade através do cânone. Trata-se, pois, de saber como o campo pensou e forjou os seus próprios valores através do tempo, como edificou os seus mitos, como fixou o seu habitus coletivo, como viu e fez o seu passado, como se portou no seio das práticas sociais e culturais na região e resto do país e, sobretudo, como desenvolveu e formou seu ideal de nação, de cultura e, particularmente, de literatura.


Palavras-chave: Romantismo; Historiografia; Literatura brasileira; Maranhão; Rio de Janeiro (Estado).

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