Resumo

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ESTRATEGIAS DE PRODUÇÃO DE VOGAIS E FRICATIVAS: ANALISE ACUSTICA DA FALA DE SUJEITOS PORTADORES DE DOENÇA DE PARKINSON

MARIA FRANCISCA DE PAULA SOARES

Orientador(a): Eleonora Cavalcante Albano

Doutorado em Linguística - 2009

Nro. chamada: T/UNICAMP - SO11E


Resumo:
Este trabalho investiga as adaptações motoras da fala e, por consequência, as estratégias linguîsticas subjacentes, realizadas por sujeitos disártricos hipocinéticos, portadores de doença de Parkinson (doravante DP), no intuito de compensar alterações motoras impostas pela patologia. Para tal, realizamos a análise acústica as produções de vogais e de fricativas, de dois grupos (alvo e controle) falantes do português brasileiro (doravante PB). Participaram do grupo alvo seis sujeitos portadores de DP (três mulheres e três homens) e do grupo controle seis sujeitos sem patologia neurológica (três mulheres e três homens). O corpus foi composto por palavras que continham exemplares das sete vogais do PB (/i, e, E, a, O, o , u/) e de seis fricativas (/f, v, s, z, S, Z/), em posição intervocálica. Os dados foram coletados a partir da gravação em áudio de oito amostras de quatorze sentenças eliciadas por repetição contendo as palavras alvo. A análise acústica das vogais foi realizada pela extração de F1 e F2. Os dados foram avaliados através de medidas estáticas — configuração do espaço vocálico (Bark e z-score) e área do espaço vocálico — e dinâmicas — extensão de F1 e F2 em Bark, variabilidade e dispersão vocálica —. As fricativas foram analisadas por parâmetros acústicos relativos à realização do local de constrição — duração absoluta (ms) e normalizada (z-score) da fricativa, amplitude normalizada e transição de F2 — e vozeamento — duração absoluta e normalizada da fricativa, duração absoluta e normalizada da vogal antecedente e amplitude normalizada—. Ainda, analisou-se qualitativamente o vozeamento, através da análise do espectrograma e do intervalo de desvozeamento. A análise das vogais mostra redução do espaço vocálico, demonstrando tendência a centralização das vogais, para o grupo de parkinsonianos. A extensão de F1 e F2 apresenta tendência, do grupo alvo, a maior redução no eixo de F2, relativo à movimentação em sentido ântero-posterior da língua. A grande variabilidade das vogais no grupo alvo sugere que as amostras gravitam em torno do alvo acústico-articulatório, de forma muito mais dispersa do que o grupo controle. As vogais posteriores são as que apresentam maiores índices de dispersão, demonstrando maior dificuldade em realização de movimentos com o dorso da língua. Com relação as fricativas, o parâmetro mais robusto para a discriminação do local de constrição foi a transição de F2. A inconsistência da realização do vozeamento é um achado importante, para ambos os grupos. A realização do vozeamento distingue os dois grupos, enquanto o grupo alvo tende ao vozeamento de fones não vozeados, o grupo controle tende ao desvozeamento. Os resultados mostram duas manifestações claras da disartria, em vogais e consoantes. A redução das vogais, apresentada pela centralização dos valores de F1 e F2 e o enfraquecimento das obstruintes fricativas, apresentado pela menor precisão em sua articulação. Em ambos os casos, um modelo dinâmico que contemple as variáveis grau e local de constrição tanto para vogais como para consoantess, tal como preconiza a fonologia gestual, possibilita a análise das estratégias de undershoot, utilizadas para a manutenção da inteligibilidade.



Palavras-chave: Disartria; Distúrbio da fala; Parkinson, Doença de; Análise acústica; Fonética.

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