Resumo: Esta dissertação apresenta um estudo sobre a obra Doze Noturnos da Holanda, de Cecília Meireles, publicado pela primeira vez em 1952. Esse livro pode ser considerado um marco na lírica da poetisa no que tange a temática da viagem, uma vez que nele coincidem a viagem imaginária e o deslocamento espacial. O livro, escrito em 1951, na Holanda, descreve a jornada do eu lírico acompanhado pela personagem Noite, no universo noturno, em busca de experiência de totalidade e de autoconhecimento. Essa viagem lírica é composta por doze poemas que parecem constituir um ciclo, no qual existe uma progressão ao longo dos poemas. Assim, a hipótese do trabalho é que os poemas se descrevem como uma série de exercícios espirituais, que preparam o leitor para a contemplação da imagem maior que é centrada na imagem do afogado encantado que jaz nos canais de Amsterdã. A hipótese é sustentada nesse trabalho por meio do estudo analítico dos poemas: “Um”, em que se descrevem o processo de introspecção e o afastamento dos desejos terrenos; “Dois”, em que se apresenta a Noite como uma personagem; “Três”, em que se sublinham a viagem pelo mundo noturno e as formas precárias de temporalidade; e “Doze”, em que se apresenta o belíssimo corpo do afogado.
Palavras-chave: Viagem; Exercícios espirituais; Tempo; Autoconhecimento.