Resumo

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AO AMIGO FRANCKIE, DO SEU LOBATO: ESTUDO DA CORRESPONDENCIA ENTRE MONTEIRO LOBATO E CHARLES

KATIA CHIARADIA

Orientador(a): Marisa Philbert Lajolo

Mestrado em Teoria e História Literária - 2008

Nro. chamada: T/UNICAMP - C43A


Resumo:
Durante o período de 1934 a 1937, estreitaram-se as relações entre Monteiro Lobato e o suíço Karl Werner Franke, engenheiro do petróleo que, imigrado em junho de 1920, passa a chamar-se Charles Frankie. Lobato e Frankie trocaram nesse período de três anos mais de cem missivas além de alguns documentos técnicos relacionados à exploração do petróleo brasileiro. Nessas cartas, Lobato, além de se familiarizar com alguns termos técnicos-geológicos da exploração petrolífera, faz críticas contundentes ao Código de Minas de 1934 e ao “atraso brasileiro” e protagoniza a história das primeiras companhias petrolíferas do Brasil. Em outros momentos da correspondência, entram em discussão questões acerca da parceria na tradução e prefaciação de A luta pelo Petróleo, de Essad Bey, Lobato e Franckie discutem literatura e seus aspectos, como os requisitos para uma boa tradução, ou os critérios para um livro bem editado e bem distribuído. Os exemplares d’A luta são tidos, por ambos, como propulsores de uma nova Era para as pesquisas petrolíferas.
Acabei A Luta do Petróleo. O editor daqui pagará 500 marcos ao editor alemão, de direitos, e nós daremos nosso trabalho de tradução de graça em troca de 1000 exemplares para distribuirmos pelo congresso federal e estadual e mais gente do governo que não tem a menor idéia do que seja o petróleo. Vou agora fazer o meu prefácio. Você fará o seu – e num apêndice porei no fim a Lei de Minas, precedida duma introdução maquiavélica em que se foi a Standart que mandou fazer aquela lei cheia de embaraços, para que ela pudesse sossegadamente ir adaptando as terras petrolíferas até o dia em que entenda-se em explorar petróleo. Aí então cairá a Lei de Minas atual, que se terá aproveitado a ela, e virá uma nova que a favoreça.

Está tudo ótimo e eu entusiasmado. Havemos de vencer. Winter que ti que sólido comigo, que a partida está ganha.
Agora estou estudando um passe: meter o Samuel Ribeiro como diretor e fazê-lo tomar 300 contos de ações. Ele foi o padrinho do meu filho que se casou o ano passado, e há de cair. Mas tudo só depois de sair o livro. O livro é que vai abrir os olhos dessa gente, mostrando a significação do petróleo. Ninguém sabe. Este país é uma burrada imensa...(...)
Fundação de companhias, críticas a uma legislação falha e a busca de uma que privilegie os interesses nacionais da exploração do petróleo, relações cotidianas de perfuração, implicações políticas de um livro: é disso basicamente que se ocupam tais cartas, representativas dessa parceria “político-ideológico-literária”. A dissertação em questão estuda o cruzamento dessa correspondência entre Lobato e Frankie com a ficção O poço do visconde e a prosa crítica sócio-política de O Escândalo do Petróleo, apontando semelhanças e divergências na abordagem do mesmo tema por diferentes gêneros. A discussão de tópicos presentes em tais escritos acrescenta dados a um já parcialmente conhecido esforço de Lobato em abordar, divulgar e polemizar a questão do petróleo e o “atraso” brasileiro a partir da literatura. O estudo de tais documentos no cenário da Literatura soma forças para a integração de visões entre as diferentes atuações de Lobato: escritor, político, empresário, missivista etc.


Palavras-chave: Lobato, Monteiro, 1882-1948 - Correspondência; Lobato, Monteiro, 1882-1948. Poço do Visconde; Lobato, Monteiro, 1882-1948; Escândalo do Petróleo; Frankie, Charles - Correspondência; Petróleo.

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