Resumo: Proponho o estudo das anedotas compiladas por Martin Buber em Histórias do Rabi à luz da filosofia do diálogo, concebida pelo próprio Buber, principalmente à luz das palavras-princípio Eu-Tu e Eu-Isso. Como pano de fundo e substrato cultural, tomo o universo cultural hassídico polonês, cujo auge se deu na Europa oriental, do começo do séc. XVIII ao final do séc. XIX, e que influenciou essencialmente a filosofia de Buber em sua visão de uma ética das relações humanas, baseada em sua peculiar visão do Hassidismo polonês. Na presente dissertação, pesquiso a aplicação literária da filosofia de Buber como conseqüência do papel das narrativas hassídicas na vida comunitária e nas experiências interpessoais (essencialmente baseadas na relação Eu-Tu), e vice-versa: ou seja, como essas narrativas determinam as relações interpessoais e sua relação com experiências com o sagrado, entre os hassidim. Teço essas considerações sob o pressuposto de que as narrativas hassídicas e seus aspectos poéticos estão intimamente relacionados aos modos como as experiências pessoais com a Divindade são transmitidas.
Palavras-chave: Buber, Martin, 1878-1965; Hassidismo; Intersubjetividade; Literariedade; Sagrado