Resumo

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SAUSSURE E A QUESTÃO DA REFERENCIA NA LINGUAGEM

KAREN ALVES DA SILVA

Orientador(a): Maria Fausta Cajahyba Pereira de Castro

Mestrado em Linguística - 2008

Nro. chamada: T/UNICAMP - SI38S


Resumo:
Se para os estudos lingüísticos anteriores a Saussure, o signo se fundava por uma relação de representação assimétrica – A representa B e, B não precisa representar A –, para o genebrino, o signo lingüístico é fruto de uma relação de associação recíproca entre significado e significante: A está associado a B e, isto implica que B esteja associado a A (cf. Milner, 2002, p. 27).
Esse deslocamento da representação assimétrica para a associação recíproca foi uma importante inovação de Saussure, pois assim a sua teoria, diferentemente dos estudos da época, pôde abdicar de qualquer compromisso para com a forma das coisas materiais (a conjuntura) a fim de se deter estritamente nas relações lingüísticas. Desse modo, como os objetos materiais não estariam abarcados pela teorização saussuriana, a questão da referência não compareceria: a suposta ligação entre língua e mundo material não colocaria problema para Saussure.
Contudo, segundo Bouquet (1992), os manuscritos do genebrino permitem descobrir um Saussure que, ao tratar da relação da língua com os objetos, mencionou a relação do signo a um terceiro termo. De fato, o próprio Saussure, pelo menos uma vez, evocou o modelo triádico de signo para tratar dos nomes geográficos e próprios. Além disso, em um outro manuscrito, o mestre se viu interrogado pelo fato de que é intrínseco ao funcionamento das línguas o fazer laço com o mundo, sendo que a aparente solução dada para esse confronto é dizer que as denominações abordam os objetos obliquamente.
Então, teríamos de um lado, as articulações referentes à língua e, de outro, a possibilidade de que a referência compareça na teoria. Diante dessa aparente dicotomia, indagamo-nos se o comparecimento da questão da referência estaria relacionado à “reverberação” dos objetos materiais na teorização do genebrino. Até que ponto o mestre teria conseguido afastar a forma das coisas materiais de suas articulações, se assim objetivava fazer?
Buscando entender esses questionamentos e analisar uma possível interferência dos objetos materiais na teorização de Saussure, tecemos algumas considerações, nesta dissertação de mestrado, a respeito da possibilidade da questão da referência ser efetivamente ligada ao trabalho de Saussure ou desta questão ser tratada como uma das “incompletudes” do genebrino.
Com esse intuito analítico, dissertamos – guiados pelos Escritos de Lingüística Geral (2004), pelo Curso de Lingüística Geral (2001[1916]), pela Edição Crítica do Curso feita por Engler (1989), por Bouquet (1992; 2000), por Milner (2002) e por outros teóricos – sobre o momento histórico em que o trabalho do genebrino estava inserido e sobre os deslocamentos teóricos feitos pelo mestre (Capítulo I); sobre a questão do valor e sobre o toque oblíquo das palavras nos objetos materiais (Capítulo II); sobre como Saussure entenderia a questão do sentido e como a questão da referência permitiria refletir sobre a constituição das articulações de Saussure (Capítulo II).




Palavras-chave: Saussure, Ferdinand de, 1857-1913 - Manuscritos; Referência (Lingüística).

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