Resumo

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OS HOLANDESES DE CARAMBEI: ESTUDO SOCIOLINGUISTICO

LETÍCIA FRAGA

Orientador(a): Tânia Maria Alkmin

Doutorado em Linguística - 2008

Nro. chamada: T/UNICAMP - F842H


Resumo:
Carambeí, uma pequena cidade no interior do Paraná, é a primeira colônia holandesa do Brasil, fundada em 1911. E apesar de ser bastante antiga, até hoje temos a impressão de que saímos do Brasil quando vamos a Carambeí e conhecemos sua gente. Mas o que é fato e o que é impressão? Quem são os carambeienses? São holandeses? São brasileiros? Falam português? Holandês? Que crenças e atitudes estas pessoas manifestam em relação a essas línguas? Considerando que essas questões ainda não foram suficientemente respondidas e que o município de Carambeí é bastante complexo cultural e lingüisticamente, este estudo pretende: a) fazer um levantamento dos usos funcionais das línguas portuguesa e holandesa; das atitudes e crenças lingüísticas que os “holandeses” manifestam em relação às línguas holandesa e portuguesa; discutir a identidade dos “holandeses” de Carambeí; b) analisar a variedade de português falada pelos “holandeses” de Carambeí no que diz respeito ao uso do r-forte; c) estabelecer que tipo de relação se dá entre atitudes e crenças lingüísticas, usos funcionais das línguas holandesa e portuguesa, identidade e uso de determinada variante de r-forte no português; d) observar se há mudança em curso no português falado pelos holandeses no que diz respeito ao aspecto analisado. No que diz respeito à primeira questão, concluímos que os Grupos 1M e 1F têm preferência pelo holandês; os Grupos 2M e 2F são bilíngües em português e holandês; e os Grupos 3M e 3F são monolíngües em português. No que diz respeito às crenças e atitudes em relação ao holandês, os Grupos 1M e 1F manifestam atitudes positivas, ao passo que os Grupos 2M e 2F a consideram uma “língua inútil”, e os Grupos 3M e 3F a consideraram uma língua “muito difícil”. Já em relação ao português, a comunidade como um todo manifesta atitudes positivas. No que diz respeito à identidade manifesta pelos “holandeses”, percebe-se que se estabelecem dois grupos distintos: o dos “brasileiros” (parte do Grupo 2F e Grupos 3M e 3F) e dos “holandeses” (Grupos 1M, 1F, 2M, e parte do Grupo 2F). No que diz respeito ao uso de r-forte, os grupos 1M e 1F usam vibrante múltipla e tepe; o Grupo 2M também usa a vibrante e o tepe; já o Grupo 2F foi dividido: o Grupo 2Fa usa somente vibrante e tepe e o Grupo 2Fb usa fricativa e vibrante. Os Grupos 3M e 3F usam somente fricativa. Enfim, pode-se dizer que determinadas atitudes e identidade contribuem para o uso de tepe: atitudes positivas em relação ao holandês e identidade holandesa. Já para o uso de vibrante, parecem contribuir mais as atitudes negativas em relação ao holandês e uma identidade indefinida, mas oposta à “brasileira”. O uso de vibrante e fricativa parece estar relacionado a atitudes extremamente positivas em relação ao português e extremamente negativas em relação ao holandês e à identidade “brasileira”. Finalmente, o uso exclusivo de fricativa parece estar ligado à total indiferença quanto ao holandês e à total identificação com a identidade de “brasileiro”.

Palavras-chave: Língua portuguesa - Dialetos - Carambeí; Crenças; Atitudes; Identidade; Róticos.

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
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