Resumo

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ASPECTOS DA HISTORIA GRAMATICAL DO PORTUGUES: INTERPOLAÇÃO, NEGAÇÃO E MUDANÇA

CRISTIANE NAMIUTI

Orientador(a): Charlotte Marie Chambelland Galves

Doutorado em Linguística - 2008

Nro. chamada: T/UNICAMP - N151A


Resumo:
Esta tese tem como objetivo central a investigação do fenômeno da interpolação em textos de autores portugueses nascidos entre os séculos 15 e 19, que compõem o Corpus Anotado do Português Histórico – Tycho Brahe. As reflexões, bem como a metodologia de classificação e a análise de dados têm como pano de fundo o quadro teórico de Princípios e Parâmetros da Gramática Gerativa (cf. Chomsky, 1995). Na comparação com o mesmo fenômeno no português antigo, observei que a interpolação da negação se estende a novos contextos: encontrei o ‘não’ interpolado em orações raízes sem que algum operador proclisador introduzisse a oração e em orações infinitivas que não contextualizavam a próclise categórica. As primeiras ocorrências de interpolação da negação nestes novos contextos foram encontradas em textos do século 15, e são freqüentes nos séculos 16 e 17 (português clássico, de acordo com a periodização tradicional). Atestamos que a interpolação dos constituintes do VP desaparece dos textos no século 16, no mesmo período encontramos um padrão proclítico nas orações raízes ‘XP-verbo’ (remeto a Galves, Britto e Paixão de Sousa 2005). Também notamos que a não adjacência entre o complementizador e o pronome clítico se torna mais comum neste mesmo período. Argumento que a preferência pela próclise verbal nas orações matrizes nos séculos 16 e 17 está relacionada com a perda da interpolação de XPs. E, proponho que os novos contextos de interpolação da negação são derivados deste padrão proclítico nas orações raízes. Mais tarde, quando a ênclise se torna a regra nas orações raízes ‘XP-verbo’ a interpolação da negação neste contexto desaparece. Assim, os resultados evidenciam um estado gramatical intermediário entre o português antigo (séculos 13 e 14) e o português europeu moderno (a partir do século 18). Denominado de português médio por Galves (2004). Adotamos a proposta de Martins (1994) da existência de um Sintagma funcional de polaridade na estrutura da oração – åP – situado entre CP e IP. E propomos que a gramática do português antigo teria um pronome clítico capaz de se hospedar no núcleo mais alto da estrutura frasal (C°). A gramática intermediária terá resultado da perda da propriedade de subida do clítico para este núcleo, mantendo-se em å°. Na gramática moderna o clítico não sobe além de I°. Quanto à variação na colocação pronominal átona encontrada nos domínios negativos, em todas as épocas, mas, sobretudo no português médio e no português europeu moderno, defendo a hipótese de que esta está relacionada com o caráter de núcleo funcional e de clítico do operador de negação ‘NÃO’. Sendo o operador de negação sentencial a instanciação negativa do núcleo å° em português, a incorporação de å-Neg° ao verbo é obrigatória. E, como os clíticos pronominais obedecem a restrições de domínio morfo-fonológico, derivamos as três gramáticas no quadro teórico da Morfologia Distribuída por melhor capturar processos como a inversão prosódica, e a incorporação do ‘não’ ao verbo.

Palavras-chave: Língua portuguesa - Clíticos; Língua portuguesa - Negação; Língua portuguesa - Interpolação; Português histórico; Mudanças lingüísticas.

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