Resumo

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A INTERPRETAÇÃO DE PROVERBIOS EQUIVALENTES PARODIADOS POR AFASICOS E NÃO AFÁSICOS

SANDRA ELISABETE DE OLIVEIRA CAZELATO

Orientador(a): Edwiges Maria Morato

Doutorado em Linguística - 2008

Nro. chamada: T/UNICAMP - C319i


Resumo:
Esta pesquisa teve como objetivo identificar e analisar os processos de significação no contexto das afasias, destacando aspectos lingüístico-pragmáticos da interpretação e manipulação enunciativa de sentidos veiculados nas paródias proverbiais por sujeitos afásicos e não afásicos. O que interessou aqui foram alguns fenômenos característicos da paródia presentes na interpretação de provérbios parodiados, tais como: diferentes processos meta (lingüístico, pragmático, enunciativo, discursivo), intertextualidade, inferenciação, graus de metaforicidade e de cristalização lingüístico-discursiva. Nosso objetivo foi estudar o trabalho lingüístico-cognitivo implicado na interpretação dos enunciados proverbiais parodiados de forma a reafirmar a relevância do provérbio e da proverbialização para os estudos neurolingüísticos. Nesta pesquisa foram analisados dados lingüísticos de sujeitos afásicos e de sujeitos não afásicos coletados a partir de um Protocolo de Provérbios Parodiados elaborado especialmente para nossas finalidades. Com o Protocolo, procuramos focalizar o trabalho lingüístico e sócio-cognitivo, bem como o percurso enunciativo realizado pelos sujeitos na explicitação do sentido dos provérbios parodiados, além de verificar o reconhecimento do sentido desses provérbios e sua relação com os provérbios-origem. Na interpretação de enunciados parodiados, encontramos vários processos de significação verbal (lingüísticos, discursivos, inferenciais, referenciais, etc.) e não-verbal (gestuais, mnêmicos, faciais, etc.) que indicam diferentes níveis de reflexão do sujeito sobre a linguagem e seu funcionamento, indicando ainda a presença de uma competência relativamente à linguagem (cf. MORATO, 2005a) onde ela poderia estar perdida ou alterada, segundo o que se depreende da definição de afasia corrente na literatura afasiológica tradicional. A maneira pela qual os sujeitos afásicos e não afásicos atuam sobre os enunciados proverbiais parodiados é indicativa do que está em jogo em diferentes processos co-ocorrentes (lingüísticos, gestuais, mnêmicos, discursivos) no funcionamento da linguagem e do ato enunciativo. Não raramente, pudemos observar nos dados de sujeitos afásicos, à maneira do que ocorre com sujeitos não afásicos, o uso expressivo de gestos, risos, olhares, expressão facial e postura corporal, indicadores de sua tarefa interpretativa e da explicitação do sentido. Mais do que fenômenos meramente coadjuvantes, esses dados mostraram-se constitutivos do processo de significação e da construção do sentido, sendo relevantes para a interpretação e a expressão dos elementos parodísticos. Pudemos observar, ainda, nos dados dos sujeitos afásicos, que a instabilidade lingüístico-cognitiva provocada pela patologia cerebral leva o sujeito a ter dificuldades de ordem metalingüística, porém isto não impede que eles lancem mão de ações reflexivas sobre e com a linguagem. Isso é nos leva a reafirmar a presença de uma competência pragmático-discursiva (cf. MORATO, 2002a) que se constitui nas práticas interativas e na dependência de vários processos inter-atuantes de significação, bem como nos leva a admitir uma concepção de linguagem não redutível ao sistema lingüístico stricto sensu.

Palavras-chave: Afasia;Provérbios; Parodia; Significação; Processos meta (Lingüística).

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