Resumo: Neste trabalho busco compreender o funcionamento da resistência do sujeito enquanto possibilidade de mudança. Para isso, tomo o assentamento como meu espaço discursivo e a Análise do Discurso de linha francesa como meu referencial teórico-analítico. A partir de entrevistas realizadas com os assentados da Fazenda Ipanema, em Iperó (SP), analiso o discurso sobre a cooperativa no contraponto com o discurso da liderança do MST no assentamento. No percurso da análise, foi fundamental compreender que o espaço do assentamento delimita o 'fora' e o 'dentro' e que essa demarcação é discursivamente definida. Também, que não há coincidência entre o discurso do assentado e o discurso do 'MST, sendo que este último traz o político para dentro do assentamento. Na discussão do que é o político, critico a tipologização e mostro a necessidade de não reduzirmos o político à política. Foi igualmente importante compreender que a reflexão sobre o político no assentamento precisa ser feita na imbricação com o jurídico, dado o deslocamento no discurso da propriedade que se manifesta na relação do assentamento com o fora. O assentamento configura um fato jurídico que se, marca pela desestabilização no sentido da contravenção, constituindo um espaço de resistência política. A análise do discurso sobre a cooperativa deu visibilidade a um processo que denominei transitividade temporal e que define as relações imaginárias no assentamento, permitindo que os sentidos se entrecruzem num percurso de ressignificação simbólica que determina a busca por novas possibilidades. Nesse percurso se mostra o trabalho da resistência
Palavras-chave: Analise do discurso