Resumo: O objetivo primeiro deste trabalho era o de estudar os `distúrbios da linguagem¿ no dizer psicótico enquanto especificadores do modo distinto dele habitar a linguagem. Para a persecução desse objetivo, tomou-se como ponto de partida a afirmação que Jacques Lacan fez em As psicoses, seminário proferido em 1955-1956, de que tais distúrbios são específicos das psicoses, isto é, não existem nas neuroses. Contudo, uma neurose é explicada pela teoria do `recalque¿, conceito que designa o `mecanismo psíquico¿ neurótico e, por consequência, não dá conta da psicose. Como, então, tais "distúrbios" permitiriam depreender a particularidade do `mecanismo psíquico¿ específico da psicose? Mais especificamente, como, a partir dessa noção de `distúrbios da linguagem¿, pode-se depreender a trajetória de construção da concepção de que o `mecanismo¿ psicótico é a `foraclusão do Nome-do-Pai¿? Para dar conta dessa questão, tomou-se como base de estudos a versão estenografada do seminário, que apresenta diferenças relevantes em relação à versão editada e estabelecida por Jacques-Allain Miller. O resultado foi o de que não são os distúrbios "da linguagem" ou "na ordem da linguagem" que especificam a particularidade das psicoses, mas sim os `distúrbios de alienação na ordem da linguagem¿. A partir da noção de `alienação¿ nota-se que o modelo para se pensar a psicose está fundamentado na obra freudiana no modelo neurótico. O empreendimento lacaniano, ao propor que há tal `foraclusão¿, é o de propor um exercício de reflexão que conceba o `mecanismo¿ estruturante da psicose no momento da própria constituição do sujeito.
Palavras-chave: Distúrbios da linguagem. Alienação (Psicologia). Psicose. Neuroses.