Jaime Cortesão
1884-1960


TÁBUA BIOGRÁFICA

1884 - Nasce em Ançã (Coimbra), a 29 de abril.
1907 - Com Leonardo Coimbra e outros intelectuais portugueses, funda a revista Nova Silva.
1910 - A Morte da Águia, poesia. Forma-se em Medicina. Com Teixeira de Pascoaes, colabora na fundação da revista A Águia.
1912 - É nomeado professor de História e Literatura num liceu do Porto, profissão que exerce até 1915.
1914 - Glória Humilde, poesia. Durante a Primeira guerra, serve em Flandres como capitão-médico voluntário.
1918 - Regressa a Portugal e é nomeado diretor da Biblioteca Nacional de Lisboa, onde permanece até 1927.
1921 - Colabora na fundação da revista Seara Nova.
1922 - A Experiência de Pedro Álvares Cabral e o Descobrimento do Brasil.
1927 - Por razões políticas, exila-se na Espanha, França e Inglaterra.
1940 - Missa da Meia-Noite, poesia. Muda-se para o Rio, onde continua a sua atividade cultural, dedicando-se à investigação histórica.
1949 - Eça de Queirós e a Questão Social.
1957 - Regressa a Portugal.
1960 - Falece a 14 de julho, em Lisboa.
1964 - Inicia-se a edição das suas Obras Completas, com Os Fatores Democráticos na Formação de Portugal.



RENASCIMENTO

Nasci de novo. Eis-me liberto, enfim!
Foi por um Céu, de estrelas todo cheio,
Numa visão de Amor, que um Anjo veio
Descendo até poisar ao pé de mim.

O beijo que me deu teve fim...
Apertou-me nos braços contra o seio,
Abriu os lábios segredando... e a meio
Bateu as asas e levou-me assim.

Ai! Como é doce o seio que me embala!
E como tudo é novo e mais profundo!...
Mas já nenhum de vós me entende a fala;

Noutro Mundo melhor eu vivo absorto,
E logo conheci que a esse Mundo
Quem vai não volta, ou, quando volta, é morto.

JAIME CORTESÃO
A Águia, série I, Porto, 1911



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