Resumo

Versão para impressão
Caminhos e limites da inovação lexical na fala da criança

Camila Rossetti Vieira

Orientador(a): Rosa Attie Figueira

Mestrado em Linguística - 2015

Nro. chamada: T/UNICAMP - V673c


Resumo:
São inúmeros os casos de palavras não dicionarizadas que surgem na fala dos sujeitos, sejam eles adultos ou crianças. A inovação lexical constitui, nesse sentido, um dos fenômenos mais registrados nas línguas, um poderoso fator de mudança linguística e um importante dado de eleição para a discussão da aquisição de linguagem. Dentro das abordagens teóricas da morfologia, a análise desse tipo de dados oferece dois caminhos distintos: (1) a formulação de regras, dentre se destacam as RFPs (Regras de Formação de Palavras), propostas pela Gramática Gerativa no início da década de 1960 (ARONOFF, 1976); e (2) a analogia. Segundo a primeira perspectiva as palavras seriam formadas por uma operação fonológica sobre uma base especificada dando origem a produtos predizíveis em termos sintáticos e semânticos. Já para a segunda, através da qual as palavras são formadas por comparação a um modelo, sobrariam dados mais singulares, em que não houvesse a necessidade de formular regras. O objetivo desta dissertação é o de verificar o potencial explicativo dessas duas visões antagônicas sobre as inovações lexicais na fala da criança. A primeira se baseia em regras e discorre, portanto, sobre questões como os padrões de regularidade e os limites do possível gramatical dentro da formação de novas palavras no português brasileiro. A segunda é a posição teórica interacionista (DE LEMOS, 2003; FIGUEIRA, 2010), que se filia de modo fundamental ao "ideário saussuriano sobre a formação de palavras" o qual, ao ser baseado no mecanismo analógico, é capaz de oferecer múltiplos caminhos para a explicação da fala infantil. Como material empírico, coletamos dados provenientes da observação longitudinal do sujeito RA cujo corpus está disponível no Projeto de Aquisição de Linguagem Oral (CEDAE/IEL/UNICAMP) e, complementarmente, contaremos com um conjunto de dados de autores que já se dedicaram ao tema. Com isso, pudemos averiguar, em um primeiro plano, a impossibilidade de analisar dados da fala da criança de uma perspectiva teórica que só considere formações que estejam de acordo com uma gramática bem comportada, já que as RFPs, que tem por característica principal dizer de um funcionamento formal da língua, nem sempre sustentam o que ocorre na aquisição da morfologia pela criança, uma vez que é claro um movimento do previsível para o imprevisível. Pudemos também ver que a vantagem de assumir a analogia saussuriana para explicar as inovações lexicais não está somente em dar conta de dados que não se deixam explicar por regras muito bem especificadas, mas também está em reconhecer que a criança está submetida ao funcionamento dos mecanismos fundamentais da língua, relações sintagmáticas e associativas.

Palavras-chave: Saussure, Ferdinand de,1857-1913. Aquisição de linguagem. Analogia (Linguística). Língua portuguesa - Morfologia. Lingua portuguesa - Neologismos.

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
CEP 13083-859

...

IEL - Based on Education theme - Drupal Theme
Original Design by WeebPal.