Resumo

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O processo de bootstrapping na aquisição de linguagem

Leticia Schiavon Kolberg

Orientador(a): Ruth Elisabeth Vasconcellos Lopes

Mestrado em Linguística - 2015

Nro. chamada: T/UNICAMP - K831p


Resumo:
O papel do input na aquisição tem sido amplamente discutido dentro das teorias de bootstrapping, que postulam que certas informações linguísticas seriam responsáveis pelo disparo dos mecanismos inatos de aquisição. Embora não se acredite que apenas um tipo de pista (sintático, prosódico ou semântico) dê conta do processo de aquisição por si só, a maioria dos autores postula uma hierarquia de acesso a esses sistemas linguísticos. Pinker (1989) afirma que a informação semântica é a responsável pelo início da aquisição, sendo a base para a estrutura sintática; já Mazuka (1996) postula que para iniciar a aquisição é necessário determinar certos parâmetros básicos a partir do ritmo, sendo este o responsável lógico pelo disparo dos mecanismos inatos. A dificuldade em se chegar a um consenso sobre qual tipo de pista seria usado inicialmente gera o chamado bootstrapping problem (PINKER, 1989): Como se chega à estrutura sintática pela semântica sem compreender a correlação entre a estrutura sintática e a conceitual? Da mesma forma, como se pode usar pistas prosódicas sem a transposição do nível fonético/fonológico para o nível de representação formal? A fim de resolver estas questões, Hirsh-Pasek & Golinkoff (1996) postulam um modelo de coalisão em que pistas sintáticas, semânticas e prosódicas são usadas em conjunto desde o início, embora assumam pesos diferentes conforme a aquisição procede. Para isso, ressaltam três fases do desenvolvimento linguístico, baseadas no tipo de informação mais saliente: a fase prosódica, aproximadamente dos 0 aos 09 meses, na qual a criança realiza a segmentação inicial da fala e a delimitação de eventos; a semântica, dos 09 aos 24 meses, na qual ocorre o mapeamento semântico e a determinação de parâmetros básicos a partir de pistas redundantes do contexto; e a sintática, dos 24 aos 36 meses, na qual os parâmetros sintáticos mais complexos são determinados. As fases são corroboradas por evidências empíricas de crianças adquirindo o inglês, mas os resultados são considerados universais. A fim de somar evidências em favor desta hipótese, o objetivo principal desta dissertação é a adaptação de um dos testes realizados pelas autoras com crianças adquirindo o português brasileiro. O teste escolhido investigará a compreensão da ordem de palavras e sua correlação com os papéis de agente e paciente por crianças na segunda fase a partir do Paradigma de Olhar Preferencial Intermodal (SPELKE, 1979): dois monitores mostram vídeos dos personagens Ju e Nino realizando ações, sendo que em um monitor Ju é a agente, e no outro, paciente. O estímulo auditivo apresenta sentenças como "A Ju está coçando o Nino", correspondentes a apenas um dos vídeos, enquanto uma câmera grava o tempo de fixação do olhar das crianças para cada vídeo. Os resultados gerais não mostram um tempo de fixação maior para o vídeo correspondente, o que poderia ser justificado pela falta de conhecimento do significado dos verbos usados no teste pelas crianças, já que, diferente de Hirsh-Pasek & Golinkoff, não acessamos esta informação antes da testagem. Estes, no entanto, nos farão questionar as fases do modelo de coalisão, levando-nos à reflexão de que a saliência perceptual entre os sistemas linguísticos talvez alterne não apenas conforme a fase da aquisição, mas também conforme as características de cada problema apresentado.

Palavras-chave: Aquisição de linguagem. Psicolinguistica.

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