Resumo

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Estudo experimental sobre os nominalizadores -ção e -mento: localidade, ciclicidade e produtividade

Maria Luisa de Andrade Freitas

Orientador(a): Maria Filomena Spatti Sândalo

Co-orientador(a): Andrew Ira Nevins

Doutorado em Linguística - 2015

Nro. chamada: T/UNICAMP - F884e


Resumo:
Esta tese descreve e analisa aspectos morfofonológicos e morfossintáticos dos nomes deverbais formados pelos nominalizadores -ção e -mento no Português Brasileiro, aliando uma abordagem experimental e quantitativa a uma investigação diacrônica. Esses sufixos formam nomes derivados a partir de raízes e verbos e são descritos conjuntamente como os nominalizadores mais produtivos em PB (Basílio 1980, 1996; Rocha 1999; entre outros). Em um estudo quantitativo (Freitas 2014), averiguamos tendências claras na distribuição desses afixos nominalizadores, a partir da análise de uma base de dados composta de 2175 palavras: (i) Há uma relação de preferência entre os verbos da segunda conjugação (em -er) e o sufixo -mento. Interessantemente, nos nomes deverbais formados por este afixo há um alteamento obrigatório da vogal temática -e- (e.g. mover/movimento), causando neutralização entre a segunda e a terceira conjugação. Contudo, nos nomes formados por - ção, este alteamento não é categórico (e.g. fazer/fazeção/*fazição). (ii) A estrutura argumental da base é fator condicionante na escolha dos sufixos -ção e -mento: verbos transitivos e inergativos são preferencialmente nominalizados com -ção, e os verbos inacusativos são nominalizados com -mento. Neste trabalho, investigamos se as tendências lexicais identificadas são produtivas sincronicamente, quer dizer, se as distribuições observadas no léxico apresentam realidade psicológica ou não para os falantes de PB. Para isso, desenvolvemos três experimentos com logatomas (ou pseudo-palavras) com intuito de averiguar a hipótese de que os falantes têm internalizados dois fatores que condicionam a seleção preferencial dos sufixos -ção e -mento: (i) o fator fonológico, i.e., as classes temáticas verbais; e (ii) o fator sintático, i.e., a estrutura argumental do verbo base. Os resultados dos experimentos atestam que existe uma correlação significativa entre os fatores investigados e a escolha do sufixo nominalizador, assim como averiguamos no léxico. Dessa maneira, tendo em vista um modelo sintático de formação de palavras como o da Morfologia Distribuída (Halle; Marantz 1993; 1994; Marantz 2001, 2007; Embick 2010), argumentamos que o tipo de estrutura argumental dos verbos determina o comportamento morfofonológico e morfossintático dos nomes deverbais formados pelos sufixos -ção e -mento. A hipótese que defendemos é a de que a presença de DP complemento na estrutura argumental de verbos desencadeia diferenças no ponto computacional em que as raízes são enviadas ao componente fonológico para serem processadas, gerando diferenças de superfície nos nomes resultantes desse processo derivacional. Adicionalmente, abordamos nesta tese a questão da variação na produtividade morfológica dos nominalizadores -ção e -mento em uma perspectiva diacrônica, a partir de um estudo piloto acerca da datação das palavras contidas na versão eletrônica do dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

Palavras-chave: Língua portuguesa - Brasil - Sintaxe. Lingua portuguesa - Sintagma nominal. Língua portuguesa - Fonologia. Lingua portuguesa - Formação de palavras.

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