Resumo

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Estruturas possessivas : a aquisição de posse inalienável no português brasileiro

Fernanda Mendes

Orientador(a): Ruth Elisabeth Vasconcellos Lopes

Doutorado em Linguística - 2015

Nro. chamada: T/UNICAMP - M522e


Resumo:
Examinando a aquisição de estruturas possessivas inalienáveis em português brasileiro (PB), a presente pesquisa, baseada na Teoria Gerativa e, consequentemente, na Hipótese Inatista, estabelece um paralelo com outras línguas, tais como francês, espanhol e inglês. É interessante notar que, neste contexto, o PB parece apresentar um padrão oposto ao do inglês ¿ ao menos no que diz respeito à coocorrência entre nomes de partes do corpo e determinantes definidos ¿, porém tampouco exibe um comportamento similar às outras línguas românicas, tais como o francês e o espanhol, mostrando uma maneira única de realizar estruturas de posse inalienável. Baseando-se, entre outros, em Guéron (1985), Vergnaud e Zubizarreta (1992), Pérez-Leroux et al. (2002a,b), Floripi e Nunes (2009) e Mendes (2010), o presente estudo testa a aquisição de estruturas de posse inalienável em PB e inglês, assumindo que crianças falantes nativas de inglês teriam disponível, num primeiro momento, a mesma gramática disponível para crianças falantes nativas de PB, em que a leitura inalienável poderia ser vinculada tanto na presença de pronomes possessivos quanto na presença de determinantes definidos com qualquer tipo de nome ¿ seja de parte do corpo, seja relacional. O estudo experimental foi constituído por duas séries de testes, uma contendo nomes de partes do corpo, em que foram aplicados os métodos de Tarefa de Julgamento de Valor de Verdade e Tarefa de Seleção de Figura; e outra contando nomes relacionais, em que foi aplicado apenas o método de Tarefa de Julgamento de Valor de Verdade, sendo ambos métodos que permitem que se extraia julgamentos interpretativos indiretamente, o que se coloca como indispensável quando os participantes envolvem crianças. De fato, a distinção entre as gramáticas das duas línguas apareceu por volta dos 6;0 anos de idade, quando crianças falantes de inglês restringiram o uso do determinante definido de acordo com a gramática alvo, não permitindo o seu uso nas estruturas contendo nomes de partes do corpo, quando foi veiculada a interpretação inalienável. Neste caso, o determinante definido foi substituído pelo pronome possessivo. Em relação ao mesmo uso com nomes relacionais, também examinados nesta tese, observou-se que estes, diferentemente dos nomes de partes do corpo, podem coocorrer, inclusive na gramática adulta do inglês, vinculando a leitura inalienável. Isso indica, portanto, que, nesta língua, o estatuto dos determinantes definidos que constituem tais estruturas é diferente, sendo determinantes definidos substantivos, no caso em que há um nome de parte do corpo envolvido, e determinantes definidos expletivos, no caso em que há um nome relacional envolvido. Já em PB, esses determinantes poderiam ser expletivos em ambos os casos.

Palavras-chave: Aquisição de linguagem. Língua portuguesa - Português brasileiro. Lingua portuguesa - Pronomes. Gramática gerativa.

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