Resumo

Versão para impressão
Est-ética da fala : o equívoco em julgamento

Carlos Eduardo Borges Dias

Orientador(a): Nina Virgínia de Araújo Leite

Doutorado em Linguística - 2015

Nro. chamada: T/UNICAMP - D543e


Resumo:
Na contracorrente do enfoque hegemônico das pesquisas sobre o monitoramento da fala, nas quais predominam estudos pautados na neuropsicologia-cognitivista, esse trabalho representa uma alternativa para análise de fenômenos tais como a autocorreção (reparo) e a hesitação mediante uma proposta que inclui reflexões oriundas de certas vertentes da filosofia, da linguística e da psicanálise. As três partes que o integram se desenvolvem, por um lado, em uma relativa referência às três críticas kantianas no (quase) inexplorado terreno da filosofia da linguística, e, por outro, no território das discussões que relacionam a linguística e a psicanálise. Na primeira delas (I), tal qual se supõe em Kant uma epistemologia da física newtoniana, postula-se a atividade (dita) epilinguística do falante (manifesta no reparo) como condição transcendental (quid iuris) para a conduta metalinguística da linguística como ciência galileana. Através de um cotejo entre a literalisação especulativa do âmbito prosódico realizada pelas teorias gerativas e a análise de hesitações na atividade conversacional, demonstrou-se que, se a irrupção do equívoco sinaliza uma distinção radical entre a língua e a fala, por outro lado, pela força coercitiva da língua sobre a fala, a autocorreção sinaliza uma tendência dos falantes a reorganizarem-se pela gramática; na segunda parte (II), contra as abordagens que, focadas na neuropsicologia-cognitivista, tentam constituir uma `linguística da fala¿ ou `teoria do desempenho¿ como uma ciência objetiva, com base na clássica distinção entre a razão especulativa e prática, propõe-se que a divisão dos estudos da linguagem se estabeleça entre uma ciência da língua e uma ética da fala, essa última norteada pela correlação entre a incidência imperativa da lei sobre a ação e a incidência imperativa da língua sobre a fala ¿ e assim, subjacente ao `saber¿, `competência¿ ou, de maneira geral, ao factum grammaticae (de Milner), o julgamento negativo do equívoco na autocorreção revela um `dever¿ do falante para com a língua, o qual consiste na própria condição transcendental da ciência; na terceira parte (III) a autocorreção passa a ser vista como um processo constituído por dois enunciados, o segundo como julgamento negativo em relação ao primeiro (na estrutura de "isso que eu disse não é [bem] o que eu quis dizer"), através do qual o sujeito falante considera como equívoco algo de seu próprio dizer (erros ou lapsos) na tentativa de um apagamento de seu conflito (com relação à língua ou ao eu); A condenação do equívoco, manifesta na autocorreção, envolve assim um julgamento com o qual o falante busca conferir embargo à imputabilidade dos efeitos de lalangue em sua fala através da atribuição de uma univocidade idealizada à língua e/ou ao eu, como se fossem (ou devessem ser) os único(s) suposto(s) determinante(s) de seu dizer.

Palavras-chave: Fala. Fonologia. Linguistica - Filosofia. Psicanálise e lingüística.

. Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571
Campinas - SP - Brasil
CEP 13083-859

...

IEL - Based on Education theme - Drupal Theme
Original Design by WeebPal.