MARIA DO SOCORRO PESSOA
Orientador(a): Tânia Maria Alkmin
Doutorado em Linguística - 2003
Nro. chamada: T/UNICAMP - P439d
Resumo: Esta tese é resultado de pesquisa sobre o grupo indígena Suruí, que se auto-denomina Suruí Paíter, falantes da Língua Suruí, residente no Distrito do Riozinho, Município de Cacoal, no Estado de Rondônia, Brasil. Os Suruí Paíter viviam inicialmente em aldeias localizadas nos espaços denominados Linhas 8, 9, 10, 11, 12 e 14 da Área Indígena Sete de Setembro, situada na região denominada Aripuanã, na fronteira de Mato Grosso com Rondônia. Após o contato com os imigrantes que vieram de diversas partes do país para o Estado de Rondônia, fato esse que coincide com a instalação de um Posto da FUNAI no Distrito do Riozinho, os Suruí tiveram suas terras invadidas pelos novos colonizadores, assim como tiveram também roubadas suas madeiras, animais da floresta e outros bens naturais. Viram seus rios e sua floresta devastados no dia-a-dia e, rapidamente, foram contraindo doenças que causaram grande mortandade de seus familiares. No contato com o homem branco, e, especialmente, por necessitarem de remédios, alimentos e vestuários, foram forçados a migrar para a zona urbana à busca desses recursos. Nos longos períodos de espera pelos recursos materiais e de saúde foram adquirindo casas e transformando-as em imitações das malocas que deixaram nas aldeias. O contato com os colonizadores os forçou a aprenderem a língua portuguesa, inicialmente como recurso supremo de sobrevivência, uma vez que, perdendo suas terras e suas riquezas naturais, ficaram expostos ao processo natural de aculturação em vários níveis: lingüístico, religioso e cultural. Hoje está instalada uma situação de uso das duas línguas, português e Suruí entre a grande maioria dos Suruí residentes na zona urbana. Paralelamente ao uso dessas duas línguas, estão instaladas, também, situações diversas que comprovam o caminho para a vitória da língua portuguesa. A pesquisa investigou os espaços de uso de uma ou outra língua, assim como foram estabelecidos critérios metodológicos próprios da pesquisa sociolingüística: questionários, roteiros para entrevistas, fitas gravadas em áudio e vídeo. Nossos primeiros contatos com os informantes ocorreram no ano de 2000 e, posteriormente, no segundo semestre de 2002, quando voltamos ao trabalho de campo tanto para confirmar dados coletados como para atualizá-los e analisá-los para a apresentação da situação sociolingüística do povo Paíter, do Distrito do Riozinho.