Skip links

Dissertações e Teses – Detalhe

Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp

Início
Pesquisa
Serviços
Perguntas
Info
(Re)cortando formas de resistir: o discurso sobre o aborto nos fanzines anarcofeministas brasileiros e argentinos da redemocratização : o discurso sobre o aborto nos fanzines anarcofeministas brasilei

Maiara Rodrigues dos Santos Silva

Orientador(a): Mônica Graciela Zoppi Fontana

Mestrado em Linguística - 2025

Nro. chamada: DISSERTAÇÃO DIGITAL - Si38


Resumo: Esta dissertação analisa o discurso sobre o aborto presente em fanzines anarcofeministas brasileiros e argentinos produzidos durante os anos 1990, destacando as diferenças e semelhanças discursivas dessas produções no contexto da redemocratização de ambos os países. No Brasil, a Constituição de 1988 trouxe avanços importantes no acesso a direitos e à liberdade de expressão — antes impedidos pela ditadura civil-militar (1964-1985) —, embora o direito ao aborto tenha permanecido criminalizado, e a posição contrária a ele, ainda mais reforçada, dada a forte influência da Igreja Católica na política. Neste cenário, o fanzine Pandora (1993) emerge como uma voz que contesta a interferência religiosa na ciência e na política estatal por meio de uma linguagem combativa e sarcástica que denuncia a desigualdade de classe e gênero, bem como as contradições das posições ideológicas contrárias à descriminalização do aborto. Na sua materialidade verbal e visual, ilustrações e imagens que ridicularizam padres, médicos e magistrados, assim como textos metalinguísticos que contrastam com a estética e a opacidade dos discursos presentes nas revistas femininas comerciais, subvertem narrativas patriarcais sobre o corpo feminino e sobre o “direito à vida”. Na Argentina, a década de 1990 foi marcada pela política neoliberal de Carlos Menem, cujas políticas de privatização e alinhamento com a Igreja Católica restringiram ainda mais os direitos reprodutivos. O decreto do “Día del niño por nacer” (1998) institucionalizou a oposição ao aborto como parte do discurso oficial do governo naquele momento. Nesse contexto, o fanzine Coños (1999-2000) adota uma estratégia discursiva mais experimental, com paródias visuais e textuais que desconstroem a moralidade religiosa e enfatizam o corpo feminino como um território político, e o direito ao aborto como um direito “à vida” das minorias. Enquanto o Pandora articula mais as suas críticas em torno das relações entre as desigualdades sociais e econômicas e a ilegalidade do aborto através de uma contra-narrativa da história do aborto, Coños se concentra na desconstrução do androcentrismo e do controle religioso sobre os corpos das mulheres que abortam, sobretudo daquelas mais pobres, através de experimentações gráficas. Esta dissertação demonstra como os fanzines refletiram e resistiram aos discursos hegemônicos sobre a vida em seus respectivos contextos, criando espaços alternativos para a construção de sentidos sobre os direitos reprodutivos e sobre a vida

Palavras-chave: Aborto; Brasil; Argentina; Fanzines; Redemocratização; Análise de discurso

Endereço

R. Sérgio Buarque de Holanda, 571 Campinas – SP – Brasil CEP 13083-859

Contato

bibiel@unicamp.br
Tel: 19-3521-1510

Horário de atendimento

Segunda a sexta das 8:30h. às 22:30h.

Pular para o conteúdo