Jhonatas Henrique Simião
Orientador(a): Simone Pallone de Figueiredo
Mestrado em Divulgação Científica e Cultural - 2024
Nro. chamada: DISSERTAÇÃO - Si45
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo analisar a percepção, visão, conhecimento, hábitos e atitude divulgadora de jornalistas em Campinas (SP) sobre ciência e tecnologia (C&T). A cidade abriga um ecossistema científico relevante, duas faculdades de jornalismo e um universo de 1.595 profissionais com registro no Ministério do Trabalho (MTb). A coleta de dados ocorreu entre 6 de março e 9 de junho de 2023, após a pandemia de Covid-19. Para a pesquisa, foi considerado o número de 242 jornalistas cadastrados no mailing da I’Max, considerada a base mais fiel referente ao universo de profissionais em atividade na cidade. A taxa de retorno foi de 62 respondentes, representando 25,62%. O levantamento foi feito por meio de um questionário online autoaplicado com 34 perguntas. A pesquisa também conta com objetivos específicos: examinar se as percepções dos jornalistas sobre ciência se alinham com dados nacionais, suas fontes de informação científica, os impactos das mudanças comunicacionais na última década – apontando a relevância de repensar estratégias de comunicação –, e a influência do ecossistema científico de Campinas na cobertura de ciência. O estudo contextualiza ainda a história da imprensa campineira e as transformações no jornalismo nos últimos anos, além de considerar as pesquisas de percepção pública de C&T no Brasil, que têm sido fundamentais para políticas públicas e estratégias de popularização da ciência. Os resultados, obtidos por meio de análises estatísticas e descritivas, revelam dados preocupantes sobre o perfil e as práticas dos jornalistas em Campinas. Apesar de demonstrarem interesse por ciência, a participação ativa na divulgação científica é limitada. Mais alarmante ainda, quase metade dos profissionais não esteve em um espaço de C&T nos últimos 12 meses. Para uma cidade reconhecida como polo científico e tecnológico, essa desconexão com ambientes de produção de conhecimento é um sinal de alerta grave e aponta para fragilidades na conexão entre jornalismo e ciência. A maioria dos profissionais se informa sobre C&T por meios digitais, mas a produção sobre esses temas é menos frequente, revelando uma lacuna na cobertura jornalística de C&T na região. A confiança nas universidades e centros de pesquisa como fontes de informação é alta, mas os jornalistas apontam obstáculos como restrições de tempo, falta de pautas e dificuldades na interação com cientistas. Apesar dos desafios, os profissionais reconhecem a importância de divulgar C&T e elencam diversas instituições e indivíduos ligados a essas áreas. Assim, a pesquisa sugere que, embora haja um grande potencial, é preciso superar barreiras para fortalecer a cobertura de C&T na mídia. Espera-se que o trabalho possa contribuir com maior visibilidade do jornalismo científico nas redações, em prol da popularização da ciência na sociedade, além de contribuir para o aprimoramento dos cursos de jornalismo para melhorar a comunicação entre as entidades e formadores de opinião.
Palavras-chave: Percepção pública da ciência; Cultura científica; Jornalistas; Jornalismo; Imprensa; Jornalismo científico; Comunicação