Carolina Barbosa Hebling
Orientador(a): Edwiges Maria Morato
Mestrado em Linguística - 2009
Nro. chamada: T/UNICAMP - H354a
Resumo: Resumo: A reformulação, fenômeno extremamente produtivo na linguagem cotidiana, é uma atividade de composição textual e de (re)organização discursiva, na qual o falante produz um enunciado lingüístico que reformula um outro prévio, adequando-o de acordo com suas intenções comunicativas e à situação interativa em curso. Levando em conta a recorrência deste fenômeno também na linguagem comprometida pela afasia, este trabalho tem por objetivo a caracterização das atividades de reformulação na conversação entre afásicos e não-afásicos, a partir de uma perspectiva sócio-cognitiva (Vygotsky, 1934; Tomasello, 1999, Marcuschi, 2003; Koch, 2004; Morato, 2007). Partindo da hipótese de que, ainda que apresentem dificuldades de (meta)linguagem, afásicos não deixem de atuar competentemente com relação à atividade reflexiva que o uso da linguagem constitui nestas instâncias reformulativas, estabelecemos algumas indagações norteadoras: i) quais elementos ancoram os processos de (re)construção do sentido na presença de diversos déficits lingüísticos, parafasias, agramatismos, dificuldades em encontrar palavras, etc.? ii) como se articulam os processos lingüísticos e interacionais nas atividades reformulativas que os sujeitos empreendem na interação para ajustar as condições de produção do sentido no texto conversacional? iii) o que a afasia, como perturbação da metalinguagem, implica para estas atividades (meta)reformulativas? E, finalmente, iv) se a reformulação implica uma tomada de consciência sobre o objeto lingüístico, o que a relação entre reformulação e reflexividade lingüística pode revelar sobre as relações entre linguagem e cognição nas afasias? Retomando de maneira crítica a bibliografia produzida tradicionalmente no campo da Neurolingüística sobre o fenômeno, chamamos atenção, em alternativa a uma abordagem cognitivista, à possibilidade de um tratamento lingüístico sócio-cognitivo dos processos reflexivos (meta/epilingüísticos), constitutivos das atividades de reformulação na linguagem de afásicos e não-afásicos. Uma vez identificados em um corpus de conversações entre afásicos e não-afásicos os tipos, marcas e funções da reformulação para falantes afásicos e não-afásicos, poderemos adensar o entendimento das semelhanças e diferenças que se apresentam para os falantes afásicos e não-afásicos no que toca às estratégias textuais-interativas
Palavras-chave: Afasia , Metalinguagem , Conversação , Reformulação (Linguistica)


