Gisele Lima
Orientador(a): Rosa Attie Figueira
Mestrado em Linguística - 2009
Nro. chamada: T/UNICAMP - L628f
Resumo: Resumo: Nos diversos estudos realizados em Aquisição da Linguagem, tendo em mãos horas de gravação da criança no convívio com o adulto, os pesquisadores quase sempre se voltaram para a fala da criança como dado privilegiado para pesquisa. Mas quem fala com essa criança? O adulto é o seu interlocutor. Assim, neste trabalho, não deixando de lado a fala da criança, dedicamo-nos a observar, prioritariamente, a fala do adulto ao dialogar com ela, buscando entender o que da fala do infans, que difere da do adulto, toca-o de forma particular e que efeitos essa fala pode produzir no adulto. A análise dos dados nos mostra que a mesma imprevisibilidade a que está sujeita a fala da criança, de onde podem surgir os enunciados mais insólitos, também está sujeita a fala adulta, no diálogo com essa criança, diferentemente do que acreditam autores como Ochs e Schieffelin (1997) quando afirmam haver três atitudes do adulto diante do erro. Ao olharmos o diálogo mãe-criança, observamos que o adulto é colocado, por assim dizer, a mercê da fala da criança, esta, como diz Pereira de Castro (1998), interroga o adulto na sua posição e o lança a diferentes lugares. Ao mesmo tempo em que a fala divergente do infans pode levar o adulto a se colocar na posição de quem tem um saber que a criança não tem - e, por isso, ensina, molda, corrige – pode, por vezes, lançá-lo no baby talk, que, ao contrário da correção, é uma forma de aproximação, de reconhecimento e cumplicidade com aquele ser a se constituir. É nesse sentido que falamos em efeitos da fala da criança sobre o adulto, trata-se de como a fala do infans toca o adulto de formas tão diversas. Neste trabalho, correção e não-correção têm a ver com interpretação, no sentido que Pereira de Castro dá ao termo. A correção emerge do “estranhamento” que determinada produção causa no adulto, da “escuta” de uma diferença, ao passo que a não-correção evidencia o “reconhecimento” de uma fala como possível, como pertencente à sua língua.
Palavras-chave: Aquisição da linguagem , Interpretação , Fala da criança - Correção do adulto , Erro


