ATIVIDADE 2015

Datas: 14 de março e 18 de abril (sábados)
Horário: 10h
Local: Anfiteatro


Comecemos pelo fim. Se é verdade que o sintoma conta uma história, não seria a do sujeito, mas a da própria psicanálise. Para Freud, para Lacan, assim como para cada um de nós, a psicanálise começa quando o sintoma oferece sua face decifrável e abre com essa possibilidade de leitura um horizonte inédito de surpresa, experiência e saber. Entretanto, o avanço da experiência analítica vai frustrar essa dimensão de promessa libertária ao revelar que este saber é limitado, repetitivo e aborrecido e a experiência pressiona então o sujeito a ir ao encontro de um limite, limite que ele pode querer forçar – não mais para se curar de seu sintoma – mas para fazer dele a garantia da única liberdade que o ser falante pode experimentar: a de um desejo que não se faça de vítima da demanda. Esvaziado da satisfação que oferecia e reduzido a um marca de esquisitice singular, o sintoma pode então servir para produzir um ser intragável… pelo Outro. A liberdade seria, nesse caso, a de poder desejar em vão, isto é, não precisar dedicar seu gozo a nenhum Bem suposto.

Mas o neurótico, diz Freud, dificilmente aceita abandonar a satisfação que o sofrimento do sintoma lhe oferece. É através dele que o ego tenta ainda se fazer amar pelo supereu, representante último do pai. Foi graças ao Pai com maiúscula que o risco da castração, imaginário que seja, deu ao neurótico a chance de manter o seu desejo, instaurando no gap entre a satisfação esperada e a encontrada um tempo de promessa, de futuro. Mas o sintoma é sempre aí o estraga-prazeres, ele não deixa nada para depois e acaba por triunfar sobre a interdição, gozando masoquisticamente do mandamento superegóico. Encurralar esta satisfação que se oculta sob os mais impensáveis disfarces é o ponto de fervura ao qual uma psicanálise deve nos levar e para isto, advertia Freud, nada de eliminar o sintoma!

O que distingue a psicanálise de outras práticas não seria o fato de acolher o sintoma para melhor operar a sua leitura mas algo bem mais escandaloso. A eficácia dessa operação, que entrega ao sujeito suas próprias mensagens e assim parece lhe prometer a conquista desse território desconhecido, faz nascer de modo paradoxal um novo sintoma. Freud admite lá pelas tantas[1] que é a própria análise que se torna “O” sintoma e, da mesma forma que o paciente reage mal ao ter que abandonar a satisfação substitutiva do sintoma, também não quer saber de deixar seu tratamento. Antes que nos apressemos em responder aí como bons lacanianos que isto nada mais é que o analista ocupando o lugar de objeto a, o que este seminário propõe é que possamos acompanhar Freud e Lacan nos impasses clínicos e teóricos que o sintoma produz na experiência psicanalítica. São desses pontos de impasse que depende inteiramente o discurso analítico, na sua intensão como na sua extensão.Este seminário é uma extensão do trabalho realizado, desde o início do ano, no Espaço Psicanalítico de Goiânia. A parceria com o Espaço deve se realizar através da presença, em momentos pontuais, da apresentação de seus membros. O seminário também estabelece uma parceria de trabalho com o Outrarte, através de um convite aberto a todos os seus membros. Os membros do Espaço Psicanalítico de Goiania e do Outrarte estão dispensados do pagamento da taxa.

Maria Teresa G. de Lemos

[1] Por exemplo:  “O paciente procura as suas satisfações substitutivas sobretudo no próprio tratamento, em seu relacionamento transferencial com o médico e pode até mesmo tentar compensar-se por esse meio de todas as privações que lhe foram impostas” ,“Linhas de progresso na terapia analítica”, (1919), pag. 177.

Os encontros se darão uma vez por mês, aos sábados.

Datas dos próximos encontros (segundo semestre de 2014):
– 16/Agosto
– 06/Setembro
– 18/Outubro
– 22/Novembro

Local: sala  CL14 – IEL/UNICAMP
Horário: 10h.

Para inscrição enviar nome completo e telefone para mt.lemos@terra.com.br

Datas dos encontros ocorridos no primeiro semestre de 2014:
– 08/março
– 05/abril
– 03/maio
– 07/junho

Datas dos encontros ocorridos no segundo semestre de 2013:
– 17/Agosto
– 21/Setembro
– 19/Outubro
– 09/Novembro